domingo, 26 de abril de 2009

Minhas Crônicas


AS DÍVIDAS DE LULA

Paulo Gomes
O que esperar de um Partido e de uma liderança que por mais de vinte anos lutaram para chegar ao poder levantando bandeiras como a justiça social e o desenvolvimento com distribuição de renda e de oportunidades, a prática da ética na política, a limpeza e modernização das leis e do sistema judiciário, a preservação dos nossos recursos naturais -notadamente a Amazônia–, a democratização dos meios de comunicação e sobretudo a implantação de uma nova ordem econômica menos predadora por parte dos banqueiros vorazes e do grande capital?...

Certamente dirá o amigo leitor: “que ao chegar ao poder, essa liderança e esse partido tivessem pelo menos, a obrigação
de lutar de todas as maneiras para colocar essas justas metas em prática, transformando em realidade o que tanto foi sonhado com o tempero da luta, da dor, da resistência e do sacrifício”.

E como não botar fé, visto que o personagem em questão é um sobrevivente e vitorioso ao mundo da pobreza e dos excluídos, que sofreu na pele as agruras de uma pátria madrasta para com seus filhos?
E que o seu Partido foi uma das mais belas expressões da organização coletiva da classe trabalhadora. Como não ter esperanças?...

Ainda mais depois de tantos anos de iniqüidades praticadas por governantes elitistas e descompromissados com o bem comum. Havia - e há - muita justiça por se
fazer.

O atual presidente da República, depois de quatro tentativas chegou lá. Emplacou logo bi-vitória em mandato e reeleição. E estranhamente vem se comportando de maneira igual ao modelo que tanto combateu. Um modelo covarde que obedece e aceita as mesmas regras do jogo que só beneficiam aos mesmo que sempre ganharam.
O estilo de governar não tem nada que lembre à ética na política, pelo contrário.
O sistema do “toma lá da cá”, a famigerada troca de favores indecente e promíscua que resultou em escândalos como o do mensalão e do caixa dois das campanhas eleitorais, envergonha a quem acreditou, votou e até lutou para que o atual Presidente da República chegasse ao poder maior.

Quando sua primeira atitude na área
econômica foi nomear um ex-serviçal do sistema econômico norte-americano para o cargo de Presidente do Banco Central, estava dado o recado de que tudo estaria como antes, ou até pior.
Taxas de juros absurdas, lucros gigantescos dos bancos, nada de distribuição séria de renda, concentração de dinheiro e riqueza.
Abismo absurdo entre desfavorecidos e super abastados.
O modelo tão feroz de manutenção da política econômica que não desenvolve o país, chegou a receber críticas de pessoas até – pasmem – como Delfin Netto e José Alencar, vice-presidente da República e grande empresário do setor têxtil. A desculpa é a Bolsa-Família ou Vale-Voto. Que ajuda a matar a fome, mas que imobiliza e condena o beneficiado a viver apenas com essa melhora, e “achando bom”, como se dizia antigamente.
Em verdade uma bolsa-esmola tão eleitoreira como as cestas básicas assistencialistas de outrora.
É pouco, muito pouco. Num país de potencial agrário inigualável, de potencial produtivo espantoso, chega a ser ridículo e perverso.

Quanto à Justiça continua igualzinha. Impunidade. A palavra resume o nosso país. Crimes de toda ordem são praticados e punição a seus protagonistas continua sem existir gerando a violência urbana sem precedentes e os assaltos praticados com requinte de crueldade aos cofres públicos, com direito a cartilha e manual alá Cacciola e Maluf servindo de modelo.
A cada ano um pedaço semelhante ao território do Estado de Alagoas é devastado da nossa Floresta amazônica. O governo impotente ou conivente assiste a tudo.
Os meios de comunicação contaminados, comprometidos adquiridos pelo poder do dinheiro que transborda dos esquemas religiosos e políticos não informam, não entretém, não promovem à cultura e nem tampouco educam. Apenas ajudam no processo da lavagem cerebral em massa.
O que mudou?..
José Sarney tornou-se o oráculo do presidente e o PMDB, não o MDB do velho Ulysses e do resistente e combativo Pedro Simon, virou o parceiro para todas horas e paradas e o fiel da balança.
As dívidas do Senhor Luis Inácio, aumentam a cada dia.
De um bigode maranhense a uma barba metalúrgica as dívidas com o nosso país só acumularamm. Erros terríveis e imperdoáveis para quem chegou com a obrigação dada pelo povo e pelo destino de resgatar aquilo que sempre foi negado ao nosso Brasil.
O senhor Lula está adquirindo pesadas dívidas junto ao povo pelo que não vem fazendo e pelo que deixou de fazer de bom e pelo que fez e continua fazendo de errado.
Sim, pesadíssimas dívidas para quem sempre encarnou e materializou as esperanças de muita gente sofrida, que esperava por dias de maior dignidade num país destroçado e dilacerado por tantos e tantos governos incompetentes e cúmplices de um esquema perverso, injusto e sujo.
É algo muito sério. um erro muito grave para quem tinha e tem na mão o poder de realizar mudanças importantes, no mínimo na postura e no jeito de governar.
Só para lembrar, que quem deve um dia é cobrado.
A história é implacável, pois mostra a verdade dos atos e dos fatos.

2 comentários:

Ayrton Baptista Junior disse...

ACM já não tem mais esta chance, mas Sarney ainda está em tempo de lançar "A Arte de Ser Governo, Sempre Governo".

Ayrton Baptista Junior disse...

Lula (ex-ABC e São Bernardo) começou a carreira como ala-esquerda, passou à zagueiro central e agora também atua na ponta-direita.