terça-feira, 10 de março de 2009

Poesia


Morre lentamentePablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja,quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma
em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando
está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir
atrás de um sonho, quem não se permite
pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos,
da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
Quem não pergunta sobre um assunto que desconhece ou
não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

PESQUISE SOBRE PABLO NERUDA - http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda

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