quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poetando


CINE VAZIO

Paulo Gomes




No fundo dos meus olhos
é possível ver um filme muito triste
e o pior, repetitivo,
realista, perverso,
fatalista e que nunca sai de cartaz...

Em sessões contínuas
dia após dia,
semana atrás de outra, ano após ano,
está lá, a fita sendo projetada,
e o personagem principal
vivendo as mesmas situações
dizendo as mesmas falas,
contracenando com as mesmas
pessoas e no final amargando
o mesmo desfecho ...


Esse filme infindável
é sempre projetado no mesmo cinema
em que a bilheteria não tem movimento,
platéia não existe e as poltronas estão sempre vazias

Somente uma pessoa, sozinha,
calada, manuseia a máquina de projeção
e assiste vez após outra ...
Ele é o projetista, espectador
e personagem da entediante história
que se chama “Solidão” e que eternamente
está em cartaz nesse cine chamado
“vazio”

12/4/00
Poema extraído do Livro RECOMEÇAR

2 comentários:

ladyneide disse...

Lindamente triste, meu poeta!!!

Eu gostaria muiiito de adquirir o seu livro Paulo. Vc poderia me informar onde encontro ou se há um site pra vendas?!

Um abraço...e Parabénsss!!!! *---*

PAULO GOMES disse...

Entre em contato comigo que te mandarei. paulogomes@fluminense.net ou
kraniometalico@hotmail.com (que é também o meu MSN)