BATENDO UM BOLÃO
com PAULO GOMES
TÉCNICOS, TREINEIROS
E ENROLADORES
Estou ficando velho, não há como negar. Quase quarentinha,trinta anos no mínimo, de futebol. Alguma “água por debaixo da ponte” , alguma lenha queimada.
Nessa praia trintona do futebol já deu pra ver muita coisa. Inevitável a comparação com o passado. Muitas vezes esse tipo de lembrança e análise soa como choro saudosista, fazer o quê?...
O presente e o futuro não existem, se não estiver inserido neste contexto chamado “vida”, o passado.
Vou falar um pouco sobre um tema que me tem incomodado a cada dia mais: os treinadores ou “professores” para os mais íntimos, no caso, os boleiros de plantão.
Nos anos 70 tínhamos no futebol brasileiro, uma variedade bastante interessante na fauna futebolística desses espécimes.
Muitos permaneceram em cena nos anos 80. Da década de 90 pra cá, é que a coisa começou a empobrecer.
Dentro de seus estilos, conseguiam com facilidade, fazer as equipes absorverem seus costumes táticos, suas filosofias. Os times que comandavam tinham às suas caras.
Os clubes os contratavam de acordo com suas necessidades táticas do momento: ou mais para a retranca, elenco indisciplinado, muito jovem, de jogadores medalhões, de baixa-estima etc. Sabiam onde buscar o “homem certo” para aquele desafio.
Ou ainda (coisa rara) quando queriam iniciar um trabalho do zero com um planejamento mais criterioso e inteligente, encaixando o técnico de perfil tal, com o tipo de elenco de jogadores disponível.
Dá para relembrar mapeando aqui, os profissionais que mais se destacaram nas décadas de 70 e 80 e os seus estilos bem definidos. Para ajudar na ilustração, pincelei um ou outro profissional ainda em atividade e da atual safra de “treineiros” que se assemelham aos da velha guarda. Havia os práticos: Aymoré Moreira e Mário Travaglini;
os táticos: Zezé Moreira e Elba de Pádua Lima, o Tim;
os retranqueiros convictos e assumidos: Zagallo, Ênio Andrade,Paulinho de Almeida, Dino Sani, Antonio Lopes e Joel Santana; os que preferiam o futebol arte: Telê Santana, Cilinho, Didi, Castilho e Paulo César Carpegianni; os que privilegiavam à parte física: Rubens Minelli; os supersticiosos, emotivos, intuitivos, carismáticos e religiosos: Osvaldo Brandão, Orlando Fantonni, Jorge Vieira,Carlos Alberto Silva, e João Francisco;
os “água com açúcar”: Paulo Emílio, Levir Culpi, Osvaldo Oliveira (exemplos modernos);
os generalões e sisudos bem ao espírito militar da época:
Yustrich, Carlos Fronner, Duque, Carlos Gainete e Givanildo Oliveira (exemplo mais recente); os que se davam melhor trabalhando com a meninada da base: Pinheiro, Cilinho, Antoninho, Jair Pereira, Barbatana, Ernesto Paulo e Sérgio Cosme;
os de pavio curto: Evaristo Macêdo (hoje Émerson Leão); os educados, discretos mais eficientes: Nelsinho Rosa, e em exemplos recentes Geninho, Péricles Chamusca e Vadão;
os ex-preparadores-físicos: Paulo Amaral, Admildo Chirol, Carlos Alberto Parreira, Claudio Coutinho, Sebastião Lazzaroni, Otacílio Gonçalves, Djalma Cavalcanti, Antonio Clemente, Luis Henrique e Antonio Lopes; os de estilo paizão: Orlando Fantonni (de novo ele),Carbone, Abel Braga, Valdir Espinosa e Joel Santana; os folclóricos: Marthin Francisco, João Avelino e no passado mais distante Sotero Monteiro e Neném Prancha;
os “regionais”, especialistas e vitoriosos somente em determinadas regiões e Estados do país: Mario Juliato e Walmir Louruz (Sul e Nordeste), Edu Coimbra e Joel Santana (Rio de Janeiro), Candinho e Jair Picerni (São Paulo), Zé Duarte (interior paulista), Hilton Chaves (Minas Gerais),Caiçara (Nordeste), Borba Filho (Paraná), Lori Sandri (Sul do país e interior de São Paulo); os que só davam certo em um clube: Joubert e Carlinhos (Flamengo),Pinheiro (Fluminense),Formiga (Santos), Antonio Lopes (Vasco), Moisés (Bangu), Candinho (Portuguesa), Barbatana e Procópio Cardoso (Atlético Mineiro);
os eternos “tampões” ou “tapa-buracos”: Dudu (Palmeiras),Alcir Portela (Vasco), Barbosinha e Bilisco (Vitória), Florisvaldo Barreto (Bahia). Prática novamente tentada recentemente com Bobô e Charles no Bahia e Andrade no Flamengo.
Com todo o respeito aos profissionais de hoje em dia, não dá pra diferenciar muito um do outro. No linguajar do torcedor “é tudo japonês”.
Geralmente embarcam sempre numa nova tendência e padronizam a maneira de jogar das equipes.: “4-4-2, 3-5-2 e agora o 3-6-1. Não introduzem inovações. Têm medo de ousar, de inventar, de arriscar.
Colocaria num mesmo pacote: Celso Roth, Levir Culpi,Osvaldo de Oliveira, Hélio dos Anjos, Nelsinho Batista, PC Gusmão, Lula Pereira, Ivo Wortman, Mauro Fernandes, Fito Neves, Paulo Bonamigo, Marco Aurélio, Cuca, tudo igualzinho.
Eles ficam se revezando nos comandos dos clubes, tal como aquela brincadeira infantil das cadeiras em que a música pára e a criança que fica em pé, sobra. Já as que continuam na disputa, ficam de olho na cadeira em que o outro estava sentado.
Infelizmente uma safra de ex-craques, acabou não se firmando totalmente na profissão de técnico, mas tinham tudo para alcançar sucesso. Estilos não faltam, mesmo como treinadores: os práticos Dario Pereyra e Júnior e Estevan Soares,o disciplinador e amante do futebol-total Edinho, o super-tático Mário Sérgio, os gentlemans
Ricardo Gomes e Paulo Roberto Falcão, o inteligente Bobô, o “prafrentex ” Arthurzinho.
Mas na turma atual, existem às exceções: Wanderley Luxemburgo, Felipão, Leão, Abel Braga, Muricy Ramalho, Paulo Autuori, Tite, Renato Gaúcho e até o novato Dunga.
Mesmo com seus defeitos, mas muitas qualidades também, possuem estilos próprios e dão formato de marca própria aos seus times, assim como os técnicos de antigamente.
Nessa praia trintona do futebol já deu pra ver muita coisa. Inevitável a comparação com o passado. Muitas vezes esse tipo de lembrança e análise soa como choro saudosista, fazer o quê?...
O presente e o futuro não existem, se não estiver inserido neste contexto chamado “vida”, o passado.
Vou falar um pouco sobre um tema que me tem incomodado a cada dia mais: os treinadores ou “professores” para os mais íntimos, no caso, os boleiros de plantão.
Nos anos 70 tínhamos no futebol brasileiro, uma variedade bastante interessante na fauna futebolística desses espécimes.
Muitos permaneceram em cena nos anos 80. Da década de 90 pra cá, é que a coisa começou a empobrecer.
Dentro de seus estilos, conseguiam com facilidade, fazer as equipes absorverem seus costumes táticos, suas filosofias. Os times que comandavam tinham às suas caras.
Os clubes os contratavam de acordo com suas necessidades táticas do momento: ou mais para a retranca, elenco indisciplinado, muito jovem, de jogadores medalhões, de baixa-estima etc. Sabiam onde buscar o “homem certo” para aquele desafio.
Ou ainda (coisa rara) quando queriam iniciar um trabalho do zero com um planejamento mais criterioso e inteligente, encaixando o técnico de perfil tal, com o tipo de elenco de jogadores disponível.
Dá para relembrar mapeando aqui, os profissionais que mais se destacaram nas décadas de 70 e 80 e os seus estilos bem definidos. Para ajudar na ilustração, pincelei um ou outro profissional ainda em atividade e da atual safra de “treineiros” que se assemelham aos da velha guarda. Havia os práticos: Aymoré Moreira e Mário Travaglini;
os táticos: Zezé Moreira e Elba de Pádua Lima, o Tim;
os retranqueiros convictos e assumidos: Zagallo, Ênio Andrade,Paulinho de Almeida, Dino Sani, Antonio Lopes e Joel Santana; os que preferiam o futebol arte: Telê Santana, Cilinho, Didi, Castilho e Paulo César Carpegianni; os que privilegiavam à parte física: Rubens Minelli; os supersticiosos, emotivos, intuitivos, carismáticos e religiosos: Osvaldo Brandão, Orlando Fantonni, Jorge Vieira,Carlos Alberto Silva, e João Francisco;
os “água com açúcar”: Paulo Emílio, Levir Culpi, Osvaldo Oliveira (exemplos modernos);
os generalões e sisudos bem ao espírito militar da época:
Yustrich, Carlos Fronner, Duque, Carlos Gainete e Givanildo Oliveira (exemplo mais recente); os que se davam melhor trabalhando com a meninada da base: Pinheiro, Cilinho, Antoninho, Jair Pereira, Barbatana, Ernesto Paulo e Sérgio Cosme;
os de pavio curto: Evaristo Macêdo (hoje Émerson Leão); os educados, discretos mais eficientes: Nelsinho Rosa, e em exemplos recentes Geninho, Péricles Chamusca e Vadão;
os ex-preparadores-físicos: Paulo Amaral, Admildo Chirol, Carlos Alberto Parreira, Claudio Coutinho, Sebastião Lazzaroni, Otacílio Gonçalves, Djalma Cavalcanti, Antonio Clemente, Luis Henrique e Antonio Lopes; os de estilo paizão: Orlando Fantonni (de novo ele),Carbone, Abel Braga, Valdir Espinosa e Joel Santana; os folclóricos: Marthin Francisco, João Avelino e no passado mais distante Sotero Monteiro e Neném Prancha;
os “regionais”, especialistas e vitoriosos somente em determinadas regiões e Estados do país: Mario Juliato e Walmir Louruz (Sul e Nordeste), Edu Coimbra e Joel Santana (Rio de Janeiro), Candinho e Jair Picerni (São Paulo), Zé Duarte (interior paulista), Hilton Chaves (Minas Gerais),Caiçara (Nordeste), Borba Filho (Paraná), Lori Sandri (Sul do país e interior de São Paulo); os que só davam certo em um clube: Joubert e Carlinhos (Flamengo),Pinheiro (Fluminense),Formiga (Santos), Antonio Lopes (Vasco), Moisés (Bangu), Candinho (Portuguesa), Barbatana e Procópio Cardoso (Atlético Mineiro);
os eternos “tampões” ou “tapa-buracos”: Dudu (Palmeiras),Alcir Portela (Vasco), Barbosinha e Bilisco (Vitória), Florisvaldo Barreto (Bahia). Prática novamente tentada recentemente com Bobô e Charles no Bahia e Andrade no Flamengo.
Com todo o respeito aos profissionais de hoje em dia, não dá pra diferenciar muito um do outro. No linguajar do torcedor “é tudo japonês”.
Geralmente embarcam sempre numa nova tendência e padronizam a maneira de jogar das equipes.: “4-4-2, 3-5-2 e agora o 3-6-1. Não introduzem inovações. Têm medo de ousar, de inventar, de arriscar.
Colocaria num mesmo pacote: Celso Roth, Levir Culpi,Osvaldo de Oliveira, Hélio dos Anjos, Nelsinho Batista, PC Gusmão, Lula Pereira, Ivo Wortman, Mauro Fernandes, Fito Neves, Paulo Bonamigo, Marco Aurélio, Cuca, tudo igualzinho.
Eles ficam se revezando nos comandos dos clubes, tal como aquela brincadeira infantil das cadeiras em que a música pára e a criança que fica em pé, sobra. Já as que continuam na disputa, ficam de olho na cadeira em que o outro estava sentado.
Infelizmente uma safra de ex-craques, acabou não se firmando totalmente na profissão de técnico, mas tinham tudo para alcançar sucesso. Estilos não faltam, mesmo como treinadores: os práticos Dario Pereyra e Júnior e Estevan Soares,o disciplinador e amante do futebol-total Edinho, o super-tático Mário Sérgio, os gentlemans
Ricardo Gomes e Paulo Roberto Falcão, o inteligente Bobô, o “prafrentex ” Arthurzinho.
Mas na turma atual, existem às exceções: Wanderley Luxemburgo, Felipão, Leão, Abel Braga, Muricy Ramalho, Paulo Autuori, Tite, Renato Gaúcho e até o novato Dunga.
Mesmo com seus defeitos, mas muitas qualidades também, possuem estilos próprios e dão formato de marca própria aos seus times, assim como os técnicos de antigamente.
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