sábado, 29 de novembro de 2008
Minhas Crônicas
Que maravilha o tempo em que jogadores eram símbolos dos clubes que atuavam, ou melhor, amavam. Falava-se de um time, associava-se à imagem, ao rosto do seu ídolo: Fluminense: Castilho ou Pinheiro ou Telê ou Edinho; Santos: Zito,Pepe,Pelé, Clodoaldo; Palmeiras: Dudu, Ademir da Guia, Luis Pereira; Flamengo: Zico; Vasco : Roberto Dinamite; Cruzeiro: Piazza, Tostão; Internacional: Falcão, Figueroa; Bahia: Baiaco; Vitória: Romenil; Galo: Reinaldo.
O Botafogo tem dois símbolos: Garrincha e Nilton Santos. Mané, pela genialidade, o segundo maior jogador brasileiro de todos os tempos. Tradução de talento, arte, magia, encanto, alegria, alegria do povo.
O outro, o Nilton, a “Enciclopédia”, também pela arte, pelo talento, mas, sobretudo, pela irretocável postura e conduta de um atleta, de um cidadão, totalmente dedicado, apaixonado pelo clube que honrou. Correção, humildade, sabedoria, tudo isso marcou a passagem brilhante de Nilton Santos pelo glorioso. Vestiu apenas três camisas – extensões de sua pele - a do alvinegro e as das seleções carioca e brasileira. Um referencial para os colegas. Conselheiro, amigo verdadeiro. Compadre de Garrincha, que o livrou de tantas armadilhas, menos perigosas é certo do que aquela que infelizmente, Mané não conseguiu driblar, a do alcoolismo que o levou à derrota final no jogo da vida.
Um exemplo de simpatia e humildade, qualidades inerentes aos verdadeiros gênios. Nilton foi ontem o craque que todos os torcedores desejavam ter nos seus times. Sempre foi e continua sendo, o pai, o tio, o irmão, o chefe de família, o avó, o amigo que todos gostaríamos de ter nas nossas famílias e nos convívios de amizade.
Conta-se histórias fantásticas a seu respeito. Histórias de provocações psicológicas inteligentíssimas que fustigavam Garrincha, estimulando-o a jogar ainda mais do que sabia:
- Mané, aquele lateral da Suécia, disse que não pode perder o duelo para um atacante que só tem um drible que é sempre pro mesmo lado... Disse na véspera da final da copa de 58, fustigando um ódio do ingênuo Garrincha sobre um coitado lateral sueco, mais um “João” na lista de Mané. Sabia como ninguém como mexer com os brios do amigo e gênio.
Nilton Santos é glória desse nosso futebol. Como Castilho, Gilmar, Djalma Santos, Didi, Domingos da Guia, Gérson, Zizinho, Mané, Pelé, Leônidas...
Querido Nilton, mesmo sem ser botafoguense, lhe digo que se um dia eu puder fazer um pedido esportivo-metafísico a Deus, com certeza, pedirei que me coloque numa espécie de túnel do tempo, para que eu possa acompanhar uma partida do seu Botafogo, contigo em campo ao lado de Didi, de Quarentinha, de Garrincha, seja no Maracanã ou em General Severiano. Feliz estarei batendo palmas e vendo você e seus companheiros tratarem a bola com maestria, elegância, com realeza.
Se a bola não existisse, o futebol não existiria. Mas se Nilton Santos não existisse o glorioso Botafogo e a magnífica arte brasileira de jogar futebol, não seriam o que são. Obrigado, Mestre, por tudo e parabéns pelos 80 anos de glória!”
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