Os personagens da vida pública brasileira e mundial são alvos constantes de seus desenhos precisos. Com crítica e ironia, ele ilustra a primeira página do jornal carioca O DIA.
Mas, afinal, quem é Renato Luiz Campos Aroeira?
"Sou um cartunista amador", se auto-define Aroeira. "Amador no sentido de amar o que faz, de estar aberto a novas possibilidades, aprender cada vez mais", completa. "E também sou um saxofonista que queria ser profissional".
"Sou um cartunista amador", se auto-define Aroeira. "Amador no sentido de amar o que faz, de estar aberto a novas possibilidades, aprender cada vez mais", completa. "E também sou um saxofonista que queria ser profissional".
O mineiro que desde pequeno desenhava nas paredes de casa tem uma banda - Os Optimistas - , com uma rapaziada na "faixa dos 40". Não satisfeito, ainda participa da Conjunto Nacional, dos irmãos Chico e Paulo Caruso, no naipe de saxofones, ao lado de Luís Fernando Veríssimo. "Ser cartunista é tão difícil quanto ser músico", conta.
Para Aroeira, qualquer tipo de poder merece crítica: do público (governo) ao pessoal ("quem comete abusos, como certos jogadores de futebol"). "Meu estilo é de ataque. Não me guio pelo politicamente correto, que é um meio de matar o humor", dispara. O cartunista diz ter engajamento ético, e não limites éticos: "Nas minhas charges, só não há pornografia. Nunca perco a compostura".
Várias de suas charges causaram polêmica e muitas foram premiadas como uma que ilustrava a fuga de menores de uma casa de detenção, com o ex-governador do Rio Marcello Alencar desculpando-se pela falta de controle do caso. Aroeira ganhou com esse desenho, e mais dois outros, o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos e Anistia Internacional em 1998. Nas outras que também o fizeram ganhar prêmios, Aroeira fazia alusão à declaração do ex-presidente FHC que chamou os aposentados de vagabundos, e à morte de menores em duas chacinas.
Um botafoguense que compra briga com as outras torcidas
Aroeira dá a ficha técnica: torcedor do Atlético-MG e Botafogo, 47 anos, 33 de profissão, casado com Aida Queiroz, uma das diretoras do Anima Mundi, e pai de Alice, 18, e André, 8. Como todo cartunista, começou em jornais pequenos, locais, criando um público cativo. No seu caso, foi aos 17 anos na coluna de seu pai, que escrevia na editoria de esportes do Jornal de Minas. A sua primeira experiência "profissional", no entanto, foi ilustrando um livro de sua mãe, com apenas 12 anos. De lá para cá, passou pelos principais jornais cariocas e há quatro anos é o responsável pela charge da primeira página do DIA, tambémpublicada na revista IstoÉ.
Ele bem que tentou fazer outra coisa: ingressou na faculdade de Engenharia, passou para Física e depois para Matemática. Mas esbarrou numa tal disciplina EPB - Estudos dos Problemas Brasileiros. "Era a época da militância estudantil", resume Aroeira, deixando a ironia nas entrelinhas. Foi presidente de DCE (Diretório Central dos Estudantes), fez parte do movimento sindical e chegou, ainda, a cursar uma semana do curso de Belas-Artes. "Já era chargista profissional, achava que não era mais válido", ressalta.
O que hoje é trabalho, na adolescência servia como "instrumento de aceitação". "Como era meio nerd, usava meus desenhos para conquistar as garotas. Era a arma para quem não tinha um carro do ano e não podia ser considerado o galã da turma", diz.
"Quando uma charge me agrada, agrada aos meus leitores. Mas se um chargista agrada todo mundo, algo está errado", alerta Aroeira.
Aroeira quer aperfeiçoar suas charges. Ele pretende estudar animação e aprender a utilizar programas em 3D para modelar os personagens.
Aroeira tem na ponta da língua a lista dos seus ídolos do traço, hoje grandes colegas de profissão: Ziraldo, Jaguar, Millôr, Chico e Paulo Caruso, Ique, Miguel Paiva... Uma lista tão longa quanto à simpatia e a ironia de Aroeira.
* Patrocinado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, pela Federação Nacional dos Jornalistas, pela OAB e pelo Vicariato de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, o prêmio foi criado em 1978 para lembrar a morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela repressão, nas celas do DOI-Codi em São Paulo, em 25 de outubro de 1975
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